Es inconcebible la parcialidad e ignorancia con que muchos
periodistas deportivos brasileños, argentinos y uruguayos tratan el problema de
la altura y la práctica del fútbol.
Así como está claro que no se puede pedir
independencia en el ejercicio periodístico (pues en América Latina los medios y
sus empleados siempre dependen de alguna institución, grupo o empresarios
propietarios) está mucho más claro aún que se puede exigir objetividad en el
tratamiento de la noticia.
Prueba de ello es el comentario (en portugués) del
periodista brasileño Mauricio Noriega respecto de la altura y el fútbol, muy a propósito
del juego entre Bolívar 2 x Santos 1 – jugado en La Paz, por la Copa
Libertadores.
Altitude e baixaria
Por Mauricio Noriega*Entre os muitos temas polêmicos do esporte, a questão da prática em cidades situadas em locais de grande altitude é das mais complicadas.
Já me manifestei aqui anteriormente sobre isso. Repito a postagem aqui para refrescar a memória.
Sempre que alguma equipe brasileira disputa alguma partida de futebol em La Paz (ou em Cuzco, Potosí) volta-se a debater essa questão.
Não tenho conhecimento científico para levar o debate a esse lado. Jamais estive em La Paz para testemunhar algo sobre as reações de meu organismo. Ouvi relatos de amigos que impressionaram pelas dificuldades, com desmaios, dores de cabeça etc. Também sei de histórias de outros amigos que nada sentiram.
Conheço pesquisas de médicos bolivianos que apontam para uma defesa do direito de se jogar na altitude, enumerando motivos e argumentos. Também há trabalhos de cientistas brasileiros que citam riscos e prejuízos à saúde dos atletas.
Um resumo do que penso: um dos motivos para a popularidade do futebol é sua universalização. Como proibir alguém de jogar futebol, de montar um time e construir um estádio em grandes altitudes? La Paz é a capital da Bolívia. A Cidade do México está ali desde os tempos dos astecas. No caso da capital boliviana, até as operações de pouso e decolagem de aviões são de muito risco, cheias de detalhes técnicos. Mas é preciso chegar e partir dali voando.
Não sou arrogante ao ponto de afirmar que tenho a solução, mas talvez fosse o caso de se estudar o calendário das equipes que jogam nas alturas. Oferecer ao adversário, dentro do regulamento, mais tempo de adaptação. Vão dizer que é impossível, que não há datas etc. Virem-se. Os dirigentes estão aí para isso. As federações e confederações faturam os tubos para isso. Os clubes também possuem recursos para aplicar nessa questão. Uma opção seria dar ao time que atuará em La Paz e Potosí uma semana livre para jogar apenas essa partida, um período de sete dias.
Com suas particularidades e diferenças, também oferece riscos à saúde de um atleta profissional uma partida as 15 horas em pleno verão carioca. Ou nordestino. Também no interior paulista. E, ainda que de forma atenuada, um jogador que vive e treina em La Paz, se tiver que descer o morro e jogar em Manaus, por exemplo, terá um prejuízo atlético já explicado pela ciência.
Mas é um tema cabeludo. Só acho que não se pode simplesmente negar o direito de se fazer e jogar futebol a quem vive em grandes altitudes.
O que se pode e se precisa fazer, urgentemente, é acabar com a baixaria dentro e fora de campo em muitas partidas da Libertadores da América. O mais nobre e importante torneio do futebol sul-americano não pode ser submetido a cenas lamentáveis como atletas recebendo pedradas, como aconteceu ontem com Neymar. Ou então casos que todos já vimos em partidas na Colômbia, quando para cobrar um escanteio o jogador precisa ser protegido por escudos de policiais, tamanha a quantidade de objetos que são atirados contra ele. (...).
*Comentarista de los programas SporTV y Bom Dia São Paulo, de la Red Globo de Televisión, y conductor de programas de TV.
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